sexta-feira, 7 de maio de 2010

O Restaurante Piri-Piri


Na relembrança remanescente, de recordar um paraíso que recuso esquecer, fico com a sensação que por momentos o passado e o presente se resumem num só tempo, fruto do mórbido vício de desafiar as memórias sempre que o ensejo o proporciona. O meu flash de hoje suporta a imagem do inesquecível Restaurante o Piri-Piri, que se situava no cruzamento da  Av. 24 de Julho com a António Enes(Julis Nyerere) na zona da Polana, a mais excêntrica da cidade. Referenciado pelos seus atributos gastronómicos, o Piri-Piri (hoje com um novo visual) aos domingos encontrava-se sempre superlotado e só com muita dificuldade se achava uma mesa vazia. Todos os que se consideravam uns bons garfos, tinham certamente no seu currículo aquele estabelecimento de restauração. Partilhei, assim como muitos laurentinos dos seus divinais repastos em festas ou convívios, onde se comia a melhor galinha à cafreal, o bife à moda da casa ou os apetecíveis camarões grelhados no carvão. Refeições sempre acompanhadas de cerveja Laurentina ou 2M, beberricadas apressadamente para abafar o ardor picante, que os lábios não suportavam. Para facilitar a digestão do banquete, nada melhor do que atravessar a longa artéria que dava acesso à zona das praias e caminhar pelo magnifico Miradouro sempre belo e apaixonante, ornamentado de eternas trepadeiras floridas enroladas em estruturas de madeira, que se estendiam aos seus belos varandins avançados , construídos em semicírculos. Aquele pulmão verde, era um ótimo refúgio para o intenso calor que se fazia sentir e onde se respirava tranquilidade e bem estar.Do seu mirante podia-se contemplar a longitude do mar. Como era necessário gastar o tempo,  o percurso  estendia-se até à rampa do Caracol, palco de memoráveis provas de automóvel  e ciclismo. No regresso, a passagem pelo Pub a Canoa para relaxar e beber um whisky ao som de uma musica em tom baixo e agradável ao ouvido. Como é gratificante saber que locais tão emblemáticos como estes, resistiram à erosão  dos ventos humanos e continuam firmes nos lugares de sempre. São de fato todas estas visões do passado, que me recordam que um dia tive a felicidade de sentir outra forma de vida.

Manuel Terra

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