segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sol aos quadradinhos



Se há locais onde muita gente espera nunca ter frequentar, esses são certamente aqueles donde o sol se pode ver aos quadradinhos. Presumimos pois, pelo que simboliza a expressão “sol aos quadradinhos” que quem vê o sol desta forma, não será pessoa muito recomendável. Mas, nem sempre é assim. Posso afiançar que fui obrigado a concluir, no verão deste ano, que há muita gente de bons costumes que optou por ver nascer o sol aos quadradinhos, em detrimento de uma exposição plena ao astro rei.
Refiro-me aos habitantes da cidade de Maputo, que em muitas zonas, vivem em apartamentos devidamente fortificados. Quem está de visita a esta cidade, não pode deixar de reparar no procedimento inusual que os seus habitantes adoptaram ao fechar as suas varandas de alto a baixo com um gradeamento à prova dos “irmãos Metralha”. Não consta que por estas paragens vivam muitos “tio Patinhas”, mas acontece que os amigos do alheio deitam a mão a tudo o que seja uma mais valia aos seus parcos rendimentos.
E se o morador de um primeiro andar não hesita em proteger-se com essas grades de material ferroso, logo o vizinho que por cima dele mora, sentindo que aquelas grades se podem tornar numa escada de acesso fácil à sua habitação, fortifica também a sua varanda. Ora, um procedimento assim, provoca uma reacção em cadeia que faz com que o morador do último andar (seja ele um 10º piso, mais coisa, menos coisa), também sinta necessidade dessa protecção.
Fiquei mesmo com a sensação que o “homem-aranha” se tinha passado para o lado do mal e que viveria por aquelas paragens. É que conseguir chegar, através das varandas blindadas aos últimos andares de alguns “arranha céus”, é obra só ao alcance desse super herói.
Ao olhar para esses edifícios, repletos de grades, umas mais lineares, outras mais trabalhadas, mas já tomadas de assalto pela corrosão, pareceu-me estar na presença de prédios assombrados.
Esta é uma realidade que faz com que o visitante se sinta inseguro em algumas áreas da cidade.
Calcorreei a pé muitas das avenidas de Maputo, ignorando conscientemente o sentimento de insegurança.
O amor por essas terras venceu esse receio!

 Aurélio Terra

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